Delegado que investiga o caso afirma que foi instaurado inquérito policial de homicídio culposo na direção de veículo automotor.
O delegado que investiga a causa do acidente de trânsito que matou o cantor sertanejo Aleksandro, da dupla com Conrado, e mais cinco pessoas, afirmou em entrevista ao g1 que, caso seja comprovado que o motorista do ônibus dirigia em alta velocidade, ele pode responder por homicídio culposo.
Um vídeo supostamente gravado momentos antes do ônibus que transportava os músicos e parte da equipe tombar mostra o veículo em alta velocidade. De acordo com a narração do autor do registro, o ônibus estava a 140 km/h
Segundo a autoridade, foi instaurado inquérito policial de homicídio culposo na direção de veículo automotor contra o motorista do ônibus.
De acordo com ele, esse procedimento é realizado em casos com vítimas fatais. “Se for comprovado que ele agiu com imprudência, imperícia, negligência ou alguma dessas situações, ele vai ser condenado por homicídio culposo”, afirmou.
Testemunhas não relatam excesso de velocidade
As pessoas envolvidas e que sobreviveram ao acidente foram ouvidas pela Polícia Civil e não comentaram sobre a velocidade do veículo. Sendo assim, até o momento, as investigações apontam apenas para um pneu estourado, que pode ter sido a causa do acidente.
“Até onde a gente conseguiu ouvir as vítimas que sobreviveram, essa foi a causa mesmo [pneu estourado]. Nenhuma delas relatou excesso de velocidade.
A pericia ainda não foi concluída”, contou o delegado.
Ceroni não descarta a possibilidade de o ônibus estar em alta velocidade. “É um dos pontos. Tudo está sendo investigado. Nesse momento, temos que aguardar os laudos periciais de análise dos equipamentos do veículo”.
O delegado Carlos Eduardo Vieira Ceroni relatou à reportagem do g1 que o vídeo em questão está sendo analisado e que a polícia procura o autor da gravação.
“Não tem a confirmação se o vídeo é do dia do acidente ou de outro dia. O autor do vídeo ainda não foi localizado para ser feita a oitiva com ele”, disse.Até o momento, não há previsão de quando o laudo oficial com a causa do acidente será divulgado, pois, segundo o delegado, depende da perícia.
Para contribuir nas investigações, ainda falta ouvir as vítimas que estão internadas. “Foram ouvidos quase todos que estava no ônibus, só não ouvimos quem está hospitalizado.
Caso recebam alta hospitalar, vai ser enviada uma carta precatória para elas serem ouvidas na delegacia que abrange o domicílio delas”, explicou.
O que diz a Polícia Rodoviária Federal
Em nota, obtida pelo g1, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que o vídeo foi feito na Rodovia Regis Bittencourt, por volta do km 454 – a ocorrência foi registrada no km 402.
A velocidade máxima para veículos de grande porte no local da gravação é de 80 km/h.
A corporação, porém, não confirma que o conteúdo tenha sido registrado antes do acidente, embora os horários estejam de acordo com a ordem dos fatos - no painel, é possível ver que a situação foi gravada às 9h47, enquanto o ônibus tombou por volta das 10h30.
"Cumpre-nos esclarecer que o uso do celular na direção representa conduta proibida pelo CTB, cuja lesividade na causa de acidentes supera o próprio excesso de velocidade. Sendo assim, o condutor que gravou o vídeo causou mais risco ao trânsito do que o motorista que imprimiu velocidade excessiva, porém este último acidentou-se em virtude do estouro do pneu", complementa a PRF.
Infrações
No Brasil, falar ao celular na direção é infração de trânsito, e consta no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), na Lei nº 9.503/97, no artigo. 252. Como a citada infração é considerada gravíssima, são sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação e multa no valor de R$ 293,47.
Estado de saúde de Conrado
De acordo com o último boletim médico divulgado na tarde desta segunda-feira (9), o cantor João Vitor Moreira Sales, conhecido como Conrado, segue em estado grave e precisou passar por uma cirurgia para controlar sangramentos e corrigir fraturas na bacia.
Conrado está internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Regional de Registro, no interior de São Paulo. O documento não aponta quando o citado procedimento cirúrgico foi realizado.