Adair Cardoso - É o novo fenômeno do sertanejo universitário

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011


Aos 2 anos, Adair Cardoso ganhou uma sanfona. Aos 5, já tocava teclado e começou a cantar. Aos 7, dava shows em barzinhos de Tangará da Serra, em Mato Grosso. Aos 8 subiu pela primeira vez em um palco e entre os 11 e os 14 fez mais de 160 apresentações no Programa Raul Gil. Aos 13 lançou seu primeiro CD e três anos depois o segundo. O terceiro chega às lojas no fim do mês. Por ele, aos 17, o garoto cortará o Brasil de norte a sul para fazer mais de 150 shows em 2011, por um cachê que já é de R$ 50 mil e deverá chegar a R$ 80 mil até o final do ano.

As comparações com o principal astro do sertanejo universitário, Luan Santana, que também estourou muito novo, são inevitáveis e não preocupam o garoto. “É normal. Gosto dele”, diz Adair.

Filho de uma empregada doméstica e de um furador de poço, o caçula Adair foi desde cedo o arrimo de uma família de cinco irmãos. Acostumou-se a responsabilidades nada normais para um garoto de sua idade. Sua vida mudou radicalmente em agosto do ano passado, quando uma de suas músicas foi escolhida como tema do casal protagonista da nova temporada do seriado Malhação, da TV Globo.

O sucesso de Adair vem no embalo da revitalização da música sertaneja, que tem lotado arenas e casas de shows pelo Brasil. O sertanejo universitário surgiu em 1994 com a dupla João Bosco & Vinicius e ganhou o país na voz de César Menotti & Fabiano. Foi consagrado nos últimos cinco anos por Victor & Leo, Luan Santana, Fernando & Sorocaba e Jorge & Mateus. O ritmo já não prioriza letras tão regionais e situações vividas por caipiras. Fala de mulheres, dores de cotovelo e traições com uma batida mais moderna e letras de fácil memorização.

Adair é marrento. Talvez para compensar a timidez. Músico praticamente autodidata, ele só não toca instrumentos de sopro. “Depois da sanfona, fui tentando outros. Hoje, arranho também no teclado, violão, viola, bateria, piano, guitarra e baixo”, diz, sem modéstia. Para alavancar a carreira do garoto que enchia o peito de orgulho e a cabeça de planos, o pai, Orlando Cardoso, aproveitou a presença da dupla Gino e Geno, em Tangará, para um show. Apresentou Adair dos Teclados, como o filho era conhecido, ao empresário da dupla, quando o garoto tinha 8 anos. “Fiquei impressionado com a voz dele. Levei para cantar uma música no show de Gino e Geno. O público gostou tanto que ele cantou cinco”, diz Waguinho, empresário de Adair. No final, o garoto ganhou um cachê simbólico de R$ 100. “Queimei tudo”, diz.

Orlando e Waguinho mantiveram contato por telefone. Eles sempre trocavam ideias sobre a carreira de Adair. Em 2004, Orlando mandou um vídeo de Adair para o Programa Raul Gil. Deu certo. Durante três anos, o garoto acordava de madrugada todas as terças-feiras, ia para Cuiabá, tomava um avião, gravava o programa em São Paulo e chegava a Tangará já na madrugada do dia seguinte. Ele participava do concurso de calouros e de homenagens a vários artistas – alguns seus ídolos, como Zezé Di Camargo & Luciano e Bruno e Marrone.

Quando Adair fez 13 anos, Orlando firmou um contrato com Waguinho para ser seu empresário. Com o lançamento do primeiro CD, Coração adolescente, eles decidiram que seria melhor o garoto se mudar para Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, onde Waguinho morava. Adair foi com seu irmão. O resto da família seguiu depois. “Os irmãos largaram namoradas e uma vida para trás. Todos apostavam no sucesso dele”, diz Waguinho. “Minha vida mudou completamente”, diz Adair.

Logo no primeiro ano em Minas, Adair fez 40 shows. O cachê variava entre R$ 8 mil e R$ 10 mil. De lá para cá, Waguinho investiu mais de R$ 2 milhões no rapaz. Procurou um parceiro para dividir as despesas e alçar voos maiores. Hoje, ele conta com uma estrutura grande. Viaja o Brasil inteiro de avião e, pelo chão, é seguido por um ônibus com uma comitiva de 22 pessoas, entre músicos e técnicos.

O ano passado foi um marco na carreira de Adair. Contatos na Som Livre propiciaram matar dois coelhos com uma cajadada só, como se diz em Minas. Foi possível gravar o segundo CD por uma grande gravadora e colocar a canção de trabalho “Que se dane o mundo” como tema do casal protagonista de Malhação. “Quando o Waguinho ligou me contando, achei que ele estivesse de brincadeira”, diz o garoto. Adair só soube que sua música estaria na TV quatro dias antes. “A música de Fernando & Sorocaba só ficou três segundos no ar. Pensei que a minha ficaria só um, mas tocou inteira. Aí pensei: uai, o trem tá sério mesmo”, diz, mineiramente. O vídeo da música foi acessado mais de 3 milhões de vezes no YouTube.

“Acabou essa história de ficar pedindo aos prefeitos para o Adair tocar nas cidades. Agora todo mundo quer”, diz Waguinho. Só em dezembro, quando terminaram as aulas, o garoto fez 12 shows em seis Estados.

Flamenguista roxo, ele acaba de completar o ensino médio. Nunca teve dificuldades na escola e sempre gostou de biologia. Mas, por enquanto, faculdade não faz parte dos planos. “Agora é hora de fazer a carreira decolar.” O novo CD, Chora coração, só tem composições de Adair, que já se arrisca até em espanhol. “Sonho em fazer carreira internacional.” Neste ano, ele estreia um show em que dará canja com os vários instrumentos que toca. “Vou tocar um pouco de tudo para a galera”, diz.

Quando fizer 18 anos, Adair quer ganhar um carro do empresário. “Um BMW? Pode ser”
Nos fins de semana, o campo de futebol e a piscina do clube são os destinos prediletos. Já está bem adaptado à cidade. “Divinópolis já é tranquilo pra mim. Saio bastante.” Ele faz sucesso com as meninas, mas, adepto da tendência “pego, mas não me apego”, opta por um número de namoradas inversamente proporcional ao nível de compromisso que está disposto a ter com elas. “Sempre um monte. Não pode ter uma só, não.”

O garoto não sonha pequeno. Está juntando dinheiro para comprar um apartamento para a família – ele mora em um alugado – e já fala do carro que quer ganhar do empresário quando completar 18 anos, em junho. “Um BMW? Pode ser.” Mas os projetos pessoais param por aí. Ele não gosta de pensar a longo prazo. “Vivo o presente. Não sei nem se vou estar aqui amanhã.”

Quanto à vida de adulto que teve de levar desde criança, ele parece consciente da opção que fez. “Foi o que escolhi para mim. Me acostumei. Gosto de subir ao palco, cantar. O chato é que às vezes você está cansado e tem de cumprir o compromisso.”

Flamenguista roxo, ele acaba de completar o ensino médio. Nunca teve dificuldades na escola e sempre gostou de biologia. Mas, por enquanto, faculdade não faz parte dos planos. “Agora é hora de fazer a carreira decolar.” O novo CD, Chora coração, só tem composições de Adair, que já se arrisca até em espanhol. “Sonho em fazer carreira internacional.” Neste ano, ele estreia um show em que dará canja com os vários instrumentos que toca. “Vou tocar um pouco de tudo para a galera”, diz.

Quando fizer 18 anos, Adair quer ganhar um carro do empresário. “Um BMW? Pode ser”
Nos fins de semana, o campo de futebol e a piscina do clube são os destinos prediletos. Já está bem adaptado à cidade. “Divinópolis já é tranquilo pra mim. Saio bastante.” Ele faz sucesso com as meninas, mas, adepto da tendência “pego, mas não me apego”, opta por um número de namoradas inversamente proporcional ao nível de compromisso que está disposto a ter com elas. “Sempre um monte. Não pode ter uma só, não.”

O garoto não sonha pequeno. Está juntando dinheiro para comprar um apartamento para a família – ele mora em um alugado – e já fala do carro que quer ganhar do empresário quando completar 18 anos, em junho. “Um BMW? Pode ser.” Mas os projetos pessoais param por aí. Ele não gosta de pensar a longo prazo. “Vivo o presente. Não sei nem se vou estar aqui amanhã.”

Quanto à vida de adulto que teve de levar desde criança, ele parece consciente da opção que fez. “Foi o que escolhi para mim. Me acostumei. Gosto de subir ao palco, cantar. O chato é que às vezes você está cansado e tem de cumprir o compromisso.”

Fonte: Época

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