Quando o sertanejo universitário entrou na moda, o público, na maioria jovem, adaptou-se ao estilo bota, fivela e chapéu. Hoje, o cenário se inverteu. Cada vez mais o sertanejo se adapta ao público que passou a consumi-lo.
A linguagem não é mais o dia a dia da roça, o repertório abriga covers de Lady Gaga e King of Leon; o traje não é mais a camisa de comitiva e deu lugar aos saltos altos e vestidos curtíssimos da mulherada supermaquiada.
A reportagem do R7 foi ao show da dupla Fernando & Sorocaba, no Villa Country, no Parque da Água Branca, em São Paulo, na última quinta-feira (29), para conferir qual é o público principal de uma balada sertaneja, que é o point do momento.
Quem entra em uma casa noturna dedicada aos fãs da música sertaneja, e não sabe que o gênero está de cara nova também nas casas de shows, acredita que está em uma noite de house ou eletrônico. As canções mantêm o sotaque caipira, por conta das duplas que estão vindo, na maioria, da região central do país, no entanto, o público, quanta diferença
A galera mais jovem tomou conta das casas que apostam no gênero. Entre os meninos, quem é iniciante aparece com a característica camisa xadrez, mas com botões desabotoados e camiseta branca por baixo. A mulherada é que liberou geral. A estilista Paula Carneiro, de 26 anos, é da região Sul do país e conta que na região baixa do Brasil as festas caipiras não abrigam público a caráter.
- As garotas vão aos bailes com muito paetê, renda e vestidos curtinhos. Salto alto sempre e maquiagem é a chave do visual.
A funcionária pública Alina Silva Toledo, 24 anos, não é frequentadora assídua das baladas sertanejas da moda. Vai por influência dos amigos e investe em sapatos altíssimos e coloridos.
- Eu ignoro que é uma balada sertaneja. Eu venho porque meus amigos frequentam e porque nas festas agora só toca sertanejo. Eu jamais viria com bota para me adaptar ao estilo.
Nome forte do cenário sertanejo, os goianos Jorge e Mateus são responsáveis pelos shows mais concorridos atualmente. Jorge acredita que a mudança toda, desde a chegada do chamado sertanejo universitário, aconteceu porque o público que passou a ouvir sertanejo não precisava mais, necessariamente, ser do campo, usar bota e ter sotaque.
- O sertanejo se renovou com os anos, assim como o público. Nossa geração gosta de tudo. Com a internet, por exemplo, a música chega a várias tribos. O excesso de informação tornou o público mais eclético. Na mesma festa que tem um hit pop, em seguida, pode tocar um clássico sertanejo, sem problemas.
Segundo Mateus, a música sertaneja se popularizou por conta dos elementos utilizados. A chegada do sertanejo universitário serviu para popularizar o gênero.
- A gente fala pop porque agrada a massa. A geração é diferente, o país está em crescimento e é natural que a cultura também evolua. Tem a ver também com nosso gosto musical pessoal. Escutamos de tudo. Temos o pé fincado no sertanejo, mas não fechamos o olho para nada. Assim como outros artistas.
Xaveco com trilha sonora
Os hits estão cada vez mais na boca da meninada e viraram até bordões para xavecos. O campeão na balada é Ai Se Eu te Pego, sucesso na voz de Michel Teló, que também é o hit do momento nas paradas sertanejas.
Segundo a estudante Camila Duarte, 18 anos, os mais velhos gostam também de usar as frases do atual sucesso de Gusttavo Lima, Balada Boa.
- Eles chegam dizendo: 'e aí, pode rolar um tchê tchererê tchê tchê entre a gente?'. Tem uns mais novos que chegam com 'Posso ser seu meteoro da paixão?' É engraçadinho. Na maioria, acho que as meninas gostam.
Ouvir Delícia, Nossa ou Assim Você me Mata também faz parte do repertório de xavecos prontos. Se você nunca ouviu, quando estiver no show e a canção começar vai reparar que a criatividade não é do xavequeiro (a), mas sim do compositor da música mesmo.
Fonte: R7.com
O sertanejo é pop na moda, nas festas e até no xaveco
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Postado por
Cezar de A Becker
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